Desde que chegaram ao governo no Reino Unido, os conservadores e democratas liberais apertaram o controlo à atribuição de apoios sociais e hoje, quarta-feira, deverão anunciar mais mudanças.
O regresso a Portugal começa a ser ponderado por algumas mães solteiras que dependiam dos apoios sociais que o governo britânico está a reduzir, afirmou uma assistente social em Londres.
Maria Marques, que trabalha há vários anos na Stockwell Partnership, uma organização não lucrativa, como conselheira em assuntos sociais, dá um exemplo que aconteceu há apenas uma semana.
Sem emprego e sozinha, a mãe de uma menina de um ano "foi tentar a vida em Portugal porque aqui já não se justifica".
Outros, garante Maria Marques à Agência Lusa, "ainda não foram embora porque os familiares em Portugal dizem: ai não venhas porque isto está muito mau, está muito mau!".
Hoje, quarta-feira, um conjunto de medidas de austeridade vai ser apresentado no parlamento para reduzir o défice, incluindo na segurança social. "Desde que este governo entrou nota-se bastante diferença", afirma.
O ministro das Finanças, George Osborne, criticou o excesso de dinheiro gasto nos apoios sociais e a falta de incentivo para voltar a trabalhar. Por isso, determinou a redução apoios àqueles que não trabalham, como o rendimento mínimo garantido às mães solteiras.
Maria Marques diz que este subsídio é agora sujeito a inquéritos e avaliações mais rigorosos, forçando muitas mulheres a aceitar trabalho em tempo parcial.
Os subsídios de incapacidade para trabalhar também estão a ser cortados, avisa Susana Forte Vaz, que presta aconselhamento no centro European Challenge, em Thetford.
"O que vai acontecer é que eles [governo] vão dar cabo das pessoas que estão a viver de subsídios", adiantou à Lusa, "e as pessoas que não estão a trabalhar vão ser prejudicadas por isso".
Maria Marques reconhece que o governo anterior tinha dado demasiado facilidades. "Tinha pessoas que me diziam que era mais fácil estar nos benefícios do que andar a trabalhar".
O abuso, vincou, não é exclusivo dos portugueses, estendendo-se a outras nacionalidades e aos próprios britânicos.
A alternativa, trabalhar, é possível e em dois meses conseguiu arranjar trabalho a cerca de 18 pessoas. "Em termos de emprego, as coisas correm, devagar mas correm", diz.
Fonte: JN