10 anos do euro
Dezembro 29, 2011
adamirtorres
Entre dezembro de 2001 e janeiro de 2002, todos os produtos de pastelaria aumentaram e até duplicaram de preço. Por exemplo era possível ver um pastel de nata passar de 50 escudos para 50 cêntimos”, recorda o secretário-geral da Deco, Jorge Morgado. Segundo o responsável pela associação, que há dez anos acompanhou o fenómeno da variação dos preços, “muitas das pequenas despesas, que custavam até 100 escudos (50 cêntimos), duplicaram”.
A informação é confirmada pelo proprietário do café portuense Majestic, Agostinho Barrias, que admite que o euro permitiu aumentar os preços. Dono de nove estabelecimentos comerciais no norte, lembra que no tempo do escudo um café rondava os 50 escudos (25 cêntimos) mas, com a chegada do euro, passou automaticamente para 50 cêntimos: “Houve alguns reajustamentos fora do normal. Os arredondamentos eram sempre para mais, mas depois os preços mantiveram-se durante muitos anos”.
Atualmente, diz Barrias, “a média do preço de um café ronda os 60 cêntimos no norte e em Lisboa os 70”. Ou seja, em dez anos, o café subiu cerca de 50 por cento, quase o dobro da inflação (que ronda os 26,5% nesta década).
Quem também lucrou com a mudança da moeda foram os empregados de restauração e até os arrumadores, que contavam com gorjetas para equilibrar o orçamento familiar. “As pessoas que antes davam 20 ou 50 escudos ao arrumador passaram a dar 50 cêntimos e deixar um ou dois euros de gorjeta num restaurante passou a ser normal', lembrou o responsável da Deco.
Mas o fim do escudo não significou carteiras mais vazias, segundo Jorge Morgado, que recorda que “nos primeiros anos não houve um índice inflacionista”: “Por exemplo, um quilo de maçãs, um quilo de carne ou de arroz não tiveram agravamentos substanciais. A roupa e calçado até ficaram mais baratos”.
Há dez anos vivemos com o euro nas nossas carteiras
Escudo ainda é referência para mais velhos